quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Devemos criar filhos para o mundo.

“Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até de
nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos.

Especialistas
ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um
dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O
que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que
gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que
recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso
intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores
defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter
coragem.

Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém
pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de
estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder?
Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são
nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos
que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser
dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e
emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu
investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na
velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam,
são do mundo!

Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais
tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não
fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração
já é deles.

Santo anjo do Senhor…

É a mais concreta realidade. Só
resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado
das nossas ‘crias’, que mesmo sendo ‘emprestadas’ são a maior parte de nós !!!


(José Saramago)

Nenhum comentário:

Postar um comentário